Coluna Social Educativa- Estudo de caso: Quando o olhar do professor Transforma a Aprendizagem
✍️Coluna Social Educativa – Estudo de Caso: Quando o Olhar do Professor Transforma a Aprendizagem
Por Ednalva Melo 💕
No cotidiano escolar, muitas vezes os desafios vão além do ensino dos conteúdos formais. O verdadeiro papel do professor se revela quando ele percebe que aprender não é igual para todos e que, por trás de cada erro ortográfico ou dificuldade de leitura, pode existir um transtorno de aprendizagem que precisa ser compreendido e acolhido.
Foi exatamente isso que aconteceu em uma escola de ensino fundamental, onde um professor atento percebeu que, em sua turma, várias crianças apresentavam sinais que iam além do comum. Trocas de letras, dificuldades de leitura, inversão de palavras, escrita confusa e até mesmo resistência em participar das atividades chamaram sua atenção. Esse cenário levantou a hipótese de que não se tratava de preguiça ou desatenção, mas sim de transtornos específicos de aprendizagem.
Os Transtornos de Aprendizagem Identificados
A equipe pedagógica e psicopedagógica da escola, junto com o professor, organizou observações e avaliações mais detalhadas. Entre os transtornos encontrados, destacaram-se:
Dislexia: dificuldade específica de leitura, marcada pela lentidão, troca ou omissão de letras, além de problemas na compreensão de textos.
Disortografia: transtorno relacionado à escrita, no qual a criança apresenta erros persistentes de ortografia, mesmo após receber ensino adequado.
Disgrafia: dificuldade motora e cognitiva que afeta a caligrafia e a organização do texto, resultando em letras malformadas e escrita pouco legível.
Discalculia: transtorno ligado à aprendizagem da matemática, caracterizado por dificuldades em compreender números, operações básicas e raciocínio lógico.
TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade): embora não seja considerado estritamente um transtorno de aprendizagem, impacta diretamente o desempenho escolar, pois afeta a atenção, a memória de trabalho e a organização.
Essas condições não significam falta de inteligência. Pelo contrário, muitas crianças com esses transtornos apresentam grande criatividade, raciocínio diferenciado e habilidades em áreas artísticas, musicais e esportivas. A questão está em como elas aprendem e quais estratégias precisam ser oferecidas para que consigam avançar.
O Papel do Professor e da Escola
Diante do desafio, o professor compreendeu que precisava mudar sua forma de ensinar. Ele não poderia se limitar ao livro didático ou à explicação tradicional. O primeiro passo foi acolher essas crianças, mostrando que seus erros não eram fracassos, mas parte de um processo único de aprendizagem.
A escola também teve papel essencial. A coordenação pedagógica buscou apoio psicopedagógico, realizou encontros com as famílias e organizou um plano de intervenção coletiva. Entre as ações desenvolvidas, destacaram-se:
Uso de recursos visuais e tecnológicos: jogos educativos, aplicativos de leitura e softwares de matemática ajudaram a tornar as aulas mais interativas.
Atividades lúdicas: músicas, dramatizações e brincadeiras foram incorporadas ao ensino, favorecendo a aprendizagem de forma prazerosa.
Adaptações na avaliação: em vez de provas tradicionais, algumas crianças apresentaram trabalhos orais ou práticos, respeitando suas dificuldades de escrita e leitura.
Trabalho em pequenos grupos: permitiu atenção mais individualizada, onde o professor podia reforçar conteúdos de acordo com o ritmo de cada criança.
Parceria com as famílias: encontros periódicos ajudaram os pais a compreender que os transtornos não eram culpa da criança nem da educação recebida em casa, mas condições neurológicas que exigem compreensão e apoio.
Os Resultados Obtidos
Com o tempo, as crianças foram ganhando confiança. Aquelas que antes tinham medo de ler em voz alta passaram a se arriscar, sabendo que não seriam ridicularizadas. A escrita, ainda que com erros, começou a mostrar avanços significativos, e os cálculos matemáticos, antes fonte de ansiedade, passaram a ser enfrentados com mais tranquilidade.
Aos poucos, o que parecia um obstáculo intransponível tornou-se uma oportunidade para repensar práticas pedagógicas. O professor descobriu que ensinar não era apenas transmitir conteúdos, mas construir pontes entre as dificuldades e as potencialidades de cada aluno.
Mais do que notas ou resultados em provas, o que realmente importava era ver o brilho nos olhos das crianças ao perceberem que eram capazes de aprender.
Conclusão
Este estudo de caso mostra que a escola é o espaço onde os transtornos de aprendizagem podem ser detectados, compreendidos e trabalhados de forma construtiva. Quando o professor olha além do erro e da dificuldade, ele descobre talentos escondidos e devolve às crianças a confiança em sua própria capacidade.
Dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia e até o TDAH não definem quem a criança é. São apenas partes de sua trajetória, que podem ser superadas com o apoio de uma rede formada por professores, escola, especialistas e família.
A grande lição é que a educação inclusiva não é apenas um dever legal, mas um ato de humanidade e justiça social. Cada criança tem direito a aprender de acordo com seu ritmo, suas necessidades e suas singularidades.
Ensinar, nesse contexto, é muito mais do que seguir um currículo. É oferecer oportunidades, acreditar no potencial do aluno e ser a voz que diz: “Você é capaz. Seu jeito de aprender é único, mas o conhecimento também é para você.”
Porque, no fim das contas, a maior vitória da educação não é formar gênios, mas permitir que cada criança descubra que aprender é possível – mesmo diante das maiores dificuldades
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✍️(Agosto, 30 de 2025)
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