Entre Lúdico e Aprendizagem: O Programa do Luciano Huck e os Direitos das crianças
✍️Entre Lúdico e Aprendizagem: O Programa de Luciano Huck e os Direitos das Crianças
Por Ednalva Melo 💞
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 é a legislação que garante direitos fundamentais a crianças e adolescentes no Brasil, assegurando proteção integral e prioridade absoluta. Entre seus princípios, destacam-se o direito à educação, ao lazer, à cultura e à dignidade (BRASIL, 1990, arts. 53 a 59), além da proteção contra qualquer forma de exploração, negligência ou constrangimento (BRASIL, 1990, art. 17). Esses dispositivos legais indicam que qualquer atividade envolvendo crianças, inclusive programas de televisão, deve garantir a integridade física, psicológica e emocional das crianças, respeitando seus direitos constitucionais à formação integral.
Nesse contexto, programas televisivos que incluem a participação infantil, como o apresentado por Luciano Huck, apresentam um aspecto interessante. Embora não possuam caráter educativo formal, quadros que envolvem crianças em jogos de perguntas, desafios de raciocínio, provas de habilidade e atividades lúdicas têm o potencial de estimular diversas habilidades cognitivas e socioemocionais. Ao responder perguntas, resolver enigmas, participar de desafios de memória ou raciocínio lógico, ou ainda executar atividades práticas, as crianças exercitam memória, atenção, raciocínio lógico, linguagem, tomada de decisão e planejamento, além de desenvolver competências sociais como cooperação, empatia e respeito às regras.
O programa possui quadros específicos que exemplificam essa interação lúdica, como “Quem Quer Ser um Milionário Kids” (exemplo hipotético de quadro adaptado para crianças), onde participantes respondem perguntas de múltipla escolha sobre conhecimentos gerais, incentivando atenção e raciocínio crítico, e “Desafio Criativo”, no qual as crianças desenvolvem atividades manuais, artísticas ou científicas em equipe, promovendo criatividade, coordenação motora e colaboração. Embora esses quadros tenham caráter recreativo, eles reproduzem técnicas semelhantes às utilizadas em ambientes educacionais inclusivos, especialmente em escolas que buscam estimular aprendizado através do jogo e da experiência prática.
A utilização do lúdico como recurso educativo é amplamente reconhecida em práticas pedagógicas e psicopedagógicas. Em escolas e atendimentos psicopedagógicos, atividades lúdicas são frequentemente empregadas para auxiliar crianças com dificuldades de aprendizagem, como dislexia, disortografia, déficit de atenção, Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou outros transtornos do desenvolvimento. Jogos, quizzes e desafios proporcionam motivação e engajamento, elementos essenciais para que a criança absorva conhecimento de forma significativa. Nesse sentido, mesmo que um programa televisivo não tenha finalidade terapêutica, ele pode complementar o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças, estimulando habilidades fundamentais para a vida escolar e social.
Além dos estímulos cognitivos, a participação em programas televisivos pode fortalecer a autoestima e a autoconfiança da criança. Ser reconhecida por suas respostas, atitudes ou talentos contribui para a percepção de competência, reforçando o sentimento de pertencimento e valorização. Essa valorização está em consonância com os princípios do ECA, que assegura o direito das crianças ao desenvolvimento integral com dignidade e respeito (BRASIL, 1990, art. 4º), promovendo experiências que incentivam o crescimento pessoal e social.
Conforme prevê o ECA, a participação das crianças em qualquer atividade mediada por adultos ou por meios de comunicação deve respeitar os direitos de proteção, integridade e expressão. No programa de Luciano Huck, a participação infantil é supervisionada e planejada, garantindo que as crianças estejam em um ambiente seguro e saudável. Quando o lúdico é conduzido com responsabilidade, ele promove aprendizado indireto, incentivando competências cognitivas, socioemocionais e habilidades de resolução de problemas.
Outro ponto importante é que atividades lúdicas e interativas podem contribuir para a superação de barreiras de aprendizagem, mesmo que de forma indireta. Crianças que enfrentam desafios cognitivos ou dificuldades específicas podem se beneficiar de estímulos que incentivem resolução de problemas, raciocínio lógico e pensamento crítico. Os jogos, quizzes e desafios do programa despertam curiosidade e motivação, elementos essenciais para a aprendizagem significativa, reforçando a importância do prazer e do engajamento no processo de aquisição de conhecimento.
Além disso, a dimensão social da participação em programas televisivos também não pode ser ignorada. Ao interagir com outras crianças, equipes e apresentadores, os participantes aprendem competências socioemocionais, como cooperação, empatia, respeito às regras, paciência e tolerância à frustração. Essas habilidades são fundamentais para o desenvolvimento integral, já que o ECA garante que a criança deve crescer em um ambiente que favoreça não apenas o conhecimento acadêmico, mas também a socialização e a convivência harmoniosa com o outro (BRASIL, 1990, arts. 53-54).
Vale enfatizar que programas televisivos não substituem acompanhamento pedagógico ou psicopedagógico. No entanto, eles ilustram como o entretenimento pode se tornar uma ferramenta auxiliar no desenvolvimento infantil, especialmente quando promove experiências que envolvem estímulo intelectual, criatividade, resolução de problemas, desafios e interação social. A criança aprende de maneira mais eficaz quando está motivada, engajada e se sente valorizada, elementos que quadros lúdicos e participativos podem oferecer.
No caso de crianças com dificuldades de aprendizagem ou transtornos cognitivos, a exposição a jogos e desafios interativos, mesmo em contexto televisivo, pode estimular habilidades cognitivas, como atenção sustentada, memória de trabalho e raciocínio lógico. Ao mesmo tempo, promove habilidades socioemocionais, como autoconfiança e tolerância à frustração, que são essenciais para o desenvolvimento escolar e pessoal. Assim, o programa, mesmo indiretamente, contribui para o fortalecimento de competências que o ECA busca assegurar, como o direito ao aprendizado significativo e à formação integral.
Em resumo, embora o programa de Luciano Huck não seja uma intervenção educacional formal, ele exemplifica como atividades lúdicas podem contribuir para o desenvolvimento integral das crianças, respeitando os direitos estabelecidos pelo ECA. Ao estimular raciocínio, atenção, memória, criatividade, autoestima e habilidades sociais, o programa proporciona experiências enriquecedoras que dialogam com os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente. Quando o lúdico, o entretenimento e o aprendizado são combinados de forma segura e respeitosa, torna-se evidente que aprender pode ser uma experiência prazerosa e transformadora, dentro e fora da sala de aula.
Portanto, a participação de crianças em programas televisivos supervisionados demonstra que o lúdico não é apenas entretenimento, mas também uma forma de promover habilidades cognitivas e socioemocionais, alinhando-se aos direitos previstos pelo ECA e reforçando que o aprendizado pode ocorrer em múltiplos espaços, desde que respeite a dignidade, a proteção e o desenvolvimento integral da criança.
Referências
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 29 ago.
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✍️(Agosto, 01 de 2025)
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